“Jovem suspeito de atirar em colega sofria bullying na escola...”
Isso aconteceu é julho de 2013, mas não é um assunto
novo, nem tão pouco o último. Mas, onde
surgiu o bullying? Quem foi o primeiro praticante? Tem solução para esse
problema? O que é possível fazer para acabar com esse terrível mal?
A WIKIPÉDIA define que Bullying (anglicismo, bullying,
pronuncia-se AFI: [ˈbʊljɪŋ]) é
um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos
causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de
poder.
Em 20% dos casos as pessoas são
simultaneamente vítimas e agressoras de bullying, ou seja, em determinados
momentos cometem agressões, porém também são vítimas de assédio escolar pela
turma. Nas escolas, a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos
adultos e grande parte das vítimas não reagem ou falam sobre a agressão
sofrida.
O Assedio Escolar
O assédio escolar acontece da seguinte forma:
·
Insultar a
vítima;
·
Acusar
sistematicamente a vítima de não servir para nada;
·
Ataques
físicos repetidos contra uma pessoa seja contra o corpo dela ou propriedade.
·
Interferir
com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas,
etc, danificando-os.
·
Espalhar
rumores negativos sobre a vítima;
·
Depreciar
a vítima sem qualquer motivo;
·
Fazer com
que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a para seguir as ordens;
·
Colocar a
vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou
conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou
que foi exagerado pelo bullying;
·
Fazer
comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a
mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de
renda, nacionalidade ou qualquer outra
inferioridade depreendida da qual o bullying tenha
tomado ciência;
·
Isolamento
social da vítima;
·
Usar
as tecnologias de informação para
praticar o cyberbullying (criar
páginas falsas, comunidades ou perfis sobre a vítima em sites de
relacionamento com publicação de fotos etc);
·
Chantagem.
·
Expressões
ameaçadoras;
·
Grafitagem
depreciativa;
·
Usar de
sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto
assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência
logo após o bullying avaliar
que a pessoa é uma "vítima perfeita");
·
Fazer que
a vítima passe vergonha na frente de várias pessoas.
Alguém que sofre Bullying pode
apresentar
Sinais e sintomas possíveis de serem observados em
alunos alvos de bullying:
·
Enurese
noturna (urinar na cama);
·
Distúrbios do sono (como insônia);
·
Dores e
marcas de ferimentos;
·
Isolamento
social/ poucos ou nenhum amigo;
·
Tentativas
de suicídio;
·
Irritabilidade
/ agressividade;
·
Relatos
de medo regulares;
·
Resistência/aversão
a ir à escola;
·
Demonstrações
constantes de tristeza;
·
Mau
rendimento escolar;
·
Atos
deliberados de autoagressão.
O Bullying no Brasil
Uma pesquisa do IBGE realizada
em 2009 revelou
que quase um terço (30,8%) dos estudantes brasileiros informou já ter
sofrido bullying, sendo
maioria das vítimas do sexo masculino. A maior proporção de ocorrências foi
registrada em escolas privadas (35,9%), ao passo que nas públicas os casos
atingiram 29,5% dos estudantes.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos
de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do
bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. Entre todos os entrevistados,
pelo menos 17% estão envolvidos com o problema - seja intimidando alguém, sendo
intimidados ou os dois. A forma mais comum é a cibernética, a partir do envio
de e-mails ofensivos e difamação em sites de relacionamento como o Orkut.
Em 2009, uma pesquisa do IBGE apontou as
cidades de Brasília e Belo
Horizonte como as capitais brasileiras com maiores índices de
assédio escolar, com 35,6% e 35,3%, respectivamente, de alunos que declararam
esse tipo de violência nos últimos 30 dias.
Casos de Bullying no Brasil
Na Grande São
Paulo, uma menina apanhou até desmaiar por colegas que a perseguiam e
em Porto Alegre um
jovem foi morto com arma de fogo durante um longo processo de assédio escolar.
Em maio de 2010, a Justiça obrigou
os pais de um aluno do Colégio
Santa Doroteia, no bairro Sion de Belo
Horizonte, a pagar uma indenização de R$ 8 mil a uma garota de 15
anos por conta de assédio escolar. A estudante foi classificada como G.E. (sigla para integrantes
de grupo de excluídos) por
ser supostamente feia e as insinuações se tornaram frequentes com o passar do
tempo, e entre elas, ficaram as alcunhas de tábua, prostituta, sem peito e sem bunda. Os pais da menina
alegaram que procuraram a escola, mas não conseguiram resolver a questão. O juiz
relatou que as atitudes do adolescente acusado pareciam não ter
"limite" e que ele "prosseguiu em suas atitudes inconvenientes
de 'intimidar'", o que deixou a vítima, segundo a psicóloga que depôs no
caso, "triste, estressada e emocionalmente debilitada”. O colégio de
classe média alta não foi responsabilizado.
Na USP, o jornal estudantil O Parasita ofereceu um convite a uma festa brega aos estudantes do
curso que, em troca, jogassem fezes em um gay. Um dos alunos a
quem o jornal faz referência chegou a divulgar, em outra ocasião, estudantes da
Farmácia chegaram a atirar uma lata de cerveja cheia em um casal de
homossexuais, que também era do curso, durante o tradicional happy hour de
quinta-feira na Escola de Comunicações e Artes da USP. Ele disse que não
pretende tomar nenhuma providência judicial contra os colegas, embora tenha
ficado revoltado com a publicação da cartilha.
Também em junho de 2010, um aluno de nona
série do Colégio Neusa Rocha,
no Bairro São Luiz, na região da Pampulha de Belo
Horizonte, foi espancado na saída de seu colégio, com a ajuda de
mais seis estudantes armados com soco inglês. A
vítima ficou sabendo que o grupo iria atacar outro colega por ele ser
"folgado e atrevido", sendo inclusive convidada a participar da
agressão.
Em entrevista ao Estado de
Minas, disse: Eles me
chamaram para brigar com o menino. Não aceitei e fui a contar a ele o que os
outros estavam querendo fazer, como forma de alertá-lo. Quando a dupla soube
que contei, um deles colocou o dedo na minha cara e me ameaçou dentro de sala,
durante aula de ciências. Ele ainda ligou, escondido, pelo celular, para outro
colega, que estuda pela manhã, e o chamou para ir à tarde na escola.
Durante o ano de 2010, Bárbara Evans, filha
de Monique Evans e estudante da Universidade Anhembi Morumbi (onde
cursava o primeiro ano de Nutrição),
em São Paulo,
entrou na Justiça com um processo de assédio escolar realizado por
seus colegas. No dia 12/06/2010, um sábado à noite, o muro externo
do estacionamento do campus Centro da referida
Universidade foi pichado com ofensas a ela e a sua mãe.
Em recente caso julgado no Rio Grande do
Sul (Proc. nº 70031750094 da 6ª Câmara Cível do TJRS), a mãe
do bullie foi
condenada civilmente a pagar indenização no valor de R$ 5 mil (cinco mil reais)
à vítima. Foi um legítimo caso de cyberbullying,
já que o dano foi causado por meio da Internet, em fotolog (flog) hospedado
pelo Portal Terra. No caso, o Portal não foi responsabilizado, pois retirou as
informações do ar em uma semana. Não ficou claro, entretanto, se foi uma semana
após ser avisado informalmente ou após ser judicialmente notificado.
Alguns casos de assédio escolar entre crianças têm
anuência dos próprios pais, como um envolvendo um garoto de 9 anos de Petrópolis.
A mãe resolveu tirar satisfação com a criança que constantemente agredia seu
filho na escola e na rua, mas o pai do outro garoto, em resposta, procurou a
mãe do outro garoto chamado de "boiola" e "magrelo". Ela
foi empurrada em uma galeria, atingida no rosto, jogada no chão e ainda teve
uma costela fraturada. O caso registrado em um vídeo foi veiculado na internet
e ganhou os principais jornais e telejornais brasileiros.
Em 2011, a 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
condenou uma escola privada a pagar indenização a uma vítima de bullying.
Em 2011, o Massacre de Realengo, no qual 12 crianças
morreram alvejadas por tiros, foi atribuído, por ex-estudantes da escola e
ex-colegas do atirador, a uma vingança por bullying. O atirador, que se suicidou durante a tragédia,
também citou o bullying como
a motivação para o crime nos vídeos recuperados pela polícia durante as
investigações.
Um garoto de Campo Grande (MS)
do oitavo ano de ensino fundamental foi obrigado por outro garoto a passar por
diversas situações vexatórias, como fazer atividades escolares e pagar lanches
para ele na escola para ser poupado de agressões físicas. O caso avançou
para a extorsão de dinheiro, causando à vítima a subtração de cerca de R$ 500
em ano. O caso foi parar na 27º Promotoria da Infância e Juventude do
município que apurou, por meio de ligações telefônicas, que realmente ocorria a
extorsão, e a um flagrante feito pela polícia, quando o garoto daria mais R$ 50
ao agressor. Penalizado,
o garoto foi submetido a ações previstas no programa contra violência e evasão
escolar, o Procese, em desenvolvimento no município há dois anos. O valor
subtraído foi pago pela mãe do Valentão aos
pais do garoto agredido. O bullie de
13 anos foi obrigado pela promotoria a levar os pratos utilizados durante a
merenda e a lavar o pátio escolar durante 3 meses, além de poder ter de
frequentar um curso sobre bullying.
Em 27 de
fevereiro de 2008, um jovem que dizia estar sofrendo bullying abriu fogo em uma escola de Ohio. Pelo
menos três estudantes morreram.
Também em fevereiro de 2012, pais de duas
adolescentes de Ponta Grossa, no Paraná,
foram condenados pela Justiça após uma denúncia de cyberbullying,
cometida pelas filhas, a pagar R$ 15 mil de indenização por danos morais para
a família da vítima. Duas colegas de sala da vítima teriam conseguido
a senha de
uma página de relacionamentos na internet e violaram a conta da adolescente,
postando mensagens pornográficas e alterando a fotografia do
perfil. Após postar as mensagens, as autoras ainda cancelaram a senha da
vítima, o que impediu que ela soubesse o que estava acontecendo.
No final de 2012 Viviane Alves
Guimarães Wahbe, estagiária de
um escritório de advocacia Machado
Meyer Sendacz Opice, suicidou no Morumbi após
afirmar que foi violentada sexualmente durante a festa de confraternização de
fim de ano da empresa.
Em 2013, Alexandre Esteves dos Santos, aluno da Escola Estadual Efigênia de Jesus Werneck,
em Santa Luzia,
atirou em dois colegas. Em depoimento à polícia afirmou ser vítima de
bullying.
Em 2013, Hannah Smith suicidou após ser vítima de cyberbullying.
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